A PANDEMIA DO HOME OFFICE

REPORTAGEM

De Karl Marx às tecnologias de trabalho remoto, os impactos estão, não apenas no serviço, mas também na subjetividade do indivíduo.

A pandemia do novo Coronavírus trouxe a necessidade de distanciamento social e, consequentemente, a reinvenção das atividades sociais, como o lazer, o estudo e o trabalho. Com isso, se popularizou um novo formato: o home office, que afeta, além do serviço, a individualidade dos sujeitos.

Em uma cultura em que “o trabalho dignifica o homem”, ser desempregado significa não só ficar à margem da economia, mas se rebaixar à desumanização, ficando excluído da vida em sociedade.

O avanço da tecnologia é o principal fator a ser levado em consideração quando se discute transformações no mercado de trabalho. Isso porque, desde que as máquinas foram implementadas, os postos de trabalho têm diminuído.

A automatização dos serviços substitui com mais eficácia a mão de obra humana em quesito de produtividade (otimização do serviço, diminuição de riscos, tarefas executadas simultâneamente, etc), o que fez com que os grandes empresários brasileiros optassem cada vez mais pela tecnologia.

A mudança atinge principalmente profissões de repetição, como caixas, atendentes, telefonistas, agentes de viagem e recepcionistas; o que impõe uma mudança de perfil para quem busca emprego.

Atualmente, profissões que requerem criatividade e cuidado humano são mais suscetíveis a permanecerem, bem como social media, analista de dados e demais cargos que trabalhem em parceria com a tecnologia digital.

Aliás, ter a tecnologia como nossa aliada está sendo essencial neste momento de crise. Devido à pandemia, o número de empresas que passou a operar remotamente aumentou de forma brusca. Utilizando, assim, recursos online, como as chamadas de vídeo e os arquivos salvos na nuvem como principais ferramentas de trabalho.

O resultado dessa dinâmica — que já era presente em menor quantidade antes da pandemia — tem sido positivo. Há economia do tempo e do dinheiro do transporte, além da diminuição de gastos da empresa com eletricidade, água e demais despesas que um espaço físico exige.

Por mais que a imposição do home office como medida preventiva à COVID-19 seja proveitosa, no sentido de permitir um vislumbre de novas possibilidades de emprego, ela trouxe, também, uma grande problemática. Há falta de regulamentação e infraestrutura de trabalho que estabeleçam limites e cuidados específicos aos trabalhadores.

Alinhado a isso, existe a questão que, na maioria dos casos de home office, não existe um horário específico para se trabalhar, apenas uma lista de afazeres que deve ser cumprida; tampouco há a delimitação de um local de serviço, pode-se trabalhar da cozinha, do sofá e, até mesmo, da cama.

Ao unir o horário de almoço com o de trabalho, consequentemente, junta-se o local de descanso com o de ofício. Em retomada a Marx, esse processo potencializa, ainda mais, a perda da subjetividade das pessoas, uma vez que unifica a posição enquanto trabalhador e indivíduo social.

Segundo Rita, o home office, antes mesmo da pandemia da COVID-19, já apresentava um risco por nos acostumar ao trabalho intermitente.

Essa reforma trabalhista garante os direitos previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e especifica as condições de trabalho a serem seguidas, tais como: as regras de saúde, ergonomia e segurança; e a determinação da jornada de trabalho por atividade executada e do fornecedor das ferramentas utilizadas (como o computador, os gastos de energia elétrica, a internet, etc.).

Então, o que esperar do futuro? As mudanças são inevitáveis. Assim, é necessário refletir sobre a tecnologia, a consolidação do trabalho remoto e, junto a isso, assegurar aos trabalhadores, não só os seus direitos, mas, também, a expressão de sua individualidade dentro do meio social.

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